21 de maio de 2012

Entrevista com Jesus Cristo

Naquela noite de 31 de dezembro de 1978, enquanto aguardava a passagem do ano, abri o Novo Testamento e fui lendo algumas passagens sobre a vida de Jesus Cristo. Retrocedi, em pensamento, ao ano 0030 e cheguei a Jerusalém. Ia conhecer ao vivo o mais famoso profeta de todos os tempos.

Andei tomando informações a seu respeito e soube que ele havia nascido em Belém de Judá, cidade que dista mais ou menos 16 km da capital Jerusalém. Ele foi criado em Nazaré da Galiléia, tendo se fixado ultimamente na cidade de Cafarnaum, porto marítimo da Galiléia. É filho do carpinteiro José, já falecido, descendente direto da linhagem do Rei Davi, e de uma piedosa mulher chamada Maria, que o tem acompanhado em algumas de suas andanças na pregação do evangelho. Tem aproximadamente 33 anos. Anda sempre acompanhado de doze homens simples que o chamam Mestre. Cura toda sorte de moléstias, expele demônios e ressuscita os mortos. Fala muito mal da seita dos fariseus e saduceus, às quais pertencem os mais famosos doutores da Lei Judaica, sendo que o sumo sacerdote, este ano, é o conhecido Caifás. O país é uma possessão romana e o governador da província é Pôncio Pilatos, um sujeito simpático e muito eficiente em matéria de ordem. Quando o encontrei, meu coração ficou em alvoroço. Ele é alto, moreno acobreado, como todos os que estão sempre em contato com o mar. Tem cabelos e barba sedosos, castanho claros. Os cabelos longos e fartos, são quase lisos até às orelhas, depois despencam numa cascata de cachos dourados, sobre os ombros bem torneados. Os olhos, firmes e ao mesmo tempo cheios de doçura, têm uma cor indefinida entre o cinza e o castanho, como o topázio fumê. Sua voz é maviosa e pura. Quando fala, com acentuado sotaque galileu, exerce um fascínio extraordinário sobre a multidão que o escuta. Até a natureza parece emudecer – árvores e pássaros ficam em total quietude – quando ele vai proferindo mensagens de vida e amor. Começo a ouvi-lo e uma onda de paz toma conta de mim. É uma espécie de alegria espiritual, que eu jamais havia experimentado, e é nesse estado de espírito que dele me acerco, a fim de pedir-lhe uma entrevista, com a qual Ele concorda, num simples aceno de cabeça.

Pergunta – Jesus, tu és o Cristo, Filho de Deus?
J. C. -
Eu o sou, eu que falo contigo. Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu. (João 4:26 e Marcos 14:62)

Pergunta – O que acontece a quem ouve a tua palavra?
J. C. -
Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida (João 5:24).

Pergunta – O que mais ofereces a quem ouve a tua palavra?
J. C. -
Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto? (João 11:25-26).

Pergunta – Quem vem a ti está mesmo garantido, não é?
J. C. – Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia (João 6:37,40).

Pergunta – E quem não crê em ti?
J. C. -
… Se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado (João 8:24; Marcos 16:16).

Pergunta – Como tens uma cultura tão grande, uma vez que és apenas o filho de um carpinteiro? J. C. - … A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo (João 7:16-17).

Pergunta – Por que dizes que és a porta?
J. C. -
Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância (João 10:9-10).

Pergunta – Mas o título que mais te agrada é o de pastor, não é?
J. C. - Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas (João 10:11,14,15).

Pergunta – É verdade que Moisés deu maná do céu aos judeus, quando estes atravessaram o deserto?
J. C. -
Moisés não lhes deu o pão do céu, mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim não terá sede (João 6:32-33,35).

Pergunta – Tu és rei?
J. C. - … Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz (João 18:37).

Pergunta – Que é a verdade?
J. C. - … A palavra de Deus é a verdade. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (João 17:17 e 8:32).

Pergunta – Por que temos de enfrentar tantas tribulações neste mundo?
J. C. -
… No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo (João 16:33).

Pergunta – Devemos propagar o teu evangelho?J. C. - Convém que eu faça as obras daquele que me enviou enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. …Levantai os vossos olhos e vede as terras que já estão brancas para a ceifa. A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros (João 9:4-5; 4:35 e Mateus 9:37)

Pergunta – Sabemos que a salvação pessoal é um dom gratuito de Deus, outorgado pelo teu sacrifício na cruz. E as boas obras não contam?
J. C. -
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus (Mateus 5:14-16).

Pergunta – Não foi uma grande lição de humildade que deste lavando os pés dos teus apóstolos, mesmo de Judas que era o traidor?
J. C. -
Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou (João 13:14-16).

Pergunta – O que devemos fazer para nos tornarmos perfeitos?J. C. - …Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me (Mateus 19:21).

Pergunta – Quais são os Teus mandamentos?
J. C. -
…Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. …Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mateus 22:37,39).

Pergunta – Devemos te confessar diante dos homens?
J. C. -
… Qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus (Mateus 10:32-33)

Pergunta – Devemos te invocar nos momentos de aflição?
J. C. –
Vinde a mim, todos, os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas (Mateus 11:28-29).

Pergunta – Como é o reino dos céus?
J. C. -
…O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo; o qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos. Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a (Mateus 13:31-32 e 44-46)

Pergunta – Quem crê em Ti e obedece os Teus mandamentos para onde vai depois da morte?
J. C. -
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também (João 14:2-3).

Pergunta – Que achas de quem adota uma criança?
J. C. –
Qualquer que receber um destes meninos em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber, recebe, não a mim, mas ao que me enviou. Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele. (Marcos 9:37 e 10:15)

Pergunta – Por que amas tanto os pecadores?
J. C. -
… Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento. (Marcos 2:17)

Pergunta – Devemos nos preocupar com o dia de amanhã?
J. C. –
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal (Mateus 6:33-34).

Pergunta – Por que fazias tantas curas no sábado mesmo sabendo que isso escandalizava os judeus?
J. C. - …O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. …Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também (Marcos 2:27 e João 5:17).

Pergunta – Há tantas pessoas escrevendo livros, até eu, dando conselhos espirituais e há tantas religiões e seitas nascendo e crescendo nestes últimos tempos, todas prometendo salvação. Em quem devemos confiar?
J. C. -
… Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo (João 14:6; Mateus 7:15-19).

Pergunta – Vale a pena ficar rico?
J. C. –
Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma? (Mateus 6:19-21 e Marcos 8:36)

Pergunta – É certo julgar os outros?
J. C. -
NÃO julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? (Mateus 7:1-3)

Pergunta – É proibido jurar?
J. C. –
Eu, …vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna (Mateus 5:34-37).

Pergunta – Devemos perdoar e amar os nossos inimigos?
J. C. -
… Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas (Mateus 5: 44-45 e 6:15).

Pergunta – Que achas das pessoas que se promovem à custa de escândalos?
J. C. -
Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! … Qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar (Mateus 18:7,6).

Pergunta – Quando se dará a consumação do século?
J. C. -
… Ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio de dores. Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo (Mateus 24:6-13).

Pergunta – Fala um pouco sobre o juízo final.
J. C. –
Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. …O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar. …Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. …E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; …Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (Mateus 24:27,35,42; 25:32-34 e 41).

Pergunta – Chegamos ao final desta entrevista. Tens mais alguma coisa a declarar?
J. C. –
Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros (João 13:34-35).

Autora: Mary Schultze

Desperta Débora: Mães de joelhos, filhos de pé



A todos, abracem esse lindo e abençoado projeto:

http://www.despertadebora.com.br/

9 de abril de 2012

Perfume de Mulher

Hermes C. Fernandes

Perfume de Mulher é um filme americano rodado em 1992, dirigido por Martin Brest e estrelado por ninguém menos que Al Pacino.  Em busca de realizar um antigo sonho antes de morrer, um militar cego (Al Pacino) contrata um jovem e inexperiente estudante (Chris O'Donnell) para ajudá-lo a passar um fim de semana inesquecível em Nova York. O militar cego, que não deseja piedade nem tolera discordância, passa a criticar o comportamento do acompanhante. Porém, na viagem, aos poucos ele passa a se interessar pelos problemas do jovem, esquecendo um pouco sua amarga infelicidade.

A cegueira tirou todos os facínios do Coronel Slade, exceto o seu facínio por mulheres. Sem poder ver a beleza de uma mulher, o personagem de Pacino passa a ser seduzido por suas fragrâncias. Porém isso não é suficiente para que Slade queira continuar vivo, e é em torno deste eixo que a história do filme se desenrola, contando como um garoto introvertido do interior de Oregon influencia o decidido Coronel Slade.

Uma das cenas inesquecíveis é quando eles vão a um luxuoso restaurante, e o Coronel convida uma moça para dançar tango. Ela exita e ele lhe diz bombasticamente “Não se preocupe, o tango não é como a vida; você pode errar e continuar dançando.” Além de um ótimo olfato, ele adquire uma habilidade especial de superar limites. Diz-se que quando somos privados de algum de nossos sentidos, os outros tendem a se desenvolver mais.

As Escrituras estão cheias de referências a perfumes e especiarias. Dentre todos, nenhum tem o destaque dado à mirra. Esta é extraída de um arbusto espinhoso que cresce nas regiões desérticas, especialmente em África, em países como a Etiópia e a Somália. Tem sido usada, desde a antiguidade, para embalsamar corpos. Os egípcios, por exemplo, a usavam em suas múmias. Além de evitar o mal odor, a mirra tem ação bactericida, impedindo a ploriferação de fungos, vírus e bactérias. Ao ser ingerida serve como entorpecente, aliviando as dores e atenuando o contato com a realidade.

Nos tempos bíblicos a mirra era comumente usada para embalsamar os mortos. Por ser muito cara, era costume da família economizar o equivalente a um ano de trabalho para comprar a especiaria e guardá-la para ser usada por ocasião da morte de um de seus membros.

Também era usada pelos noivos na preparação do casamento. Ester teve que banhar-se em óleo de mirra por seis meses e em outras especiarias por mais seis meses antes de apresentar-se ao rei Assuero para ser escolhida como a nova rainha. (Ester 2:12).

Portanto, a mirra tem a ver tanto com casamento, quanto com sepultamento. Então, por que razão os magos vindos do Oriente a escolheram como um dos presentes do recém-nascido Jesus? Confira:

“E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra” (Mt. 2:11).

Que utilidade teria a mirra para um bebê?

Por mais mórbido que pareça, aquele perfume caríssimo era para ser usado no sepultamento de Jesus, e visava poupar Maria e José de um ano inteiro de trabalho. Talvez houvesse suficiente para usá-lo para embalsar tanto Jesus, quanto o resto da família.

Mas o fato é que, se aquela mirra chegou a ser usada, não foi em Jesus. Se é verdade que Maria ficou viúva antes que Jesus fosse crucificado (o que explicaria a ausência de José na cena da crucificação), talvez parte daquela mirra tenha sido usada para embalsamá-lo.

A mirra, porém, não foi o único presente recebido por Jesus na ocasião de Seu nascimento. Muito tem sido dito sobre seu simbolismo, mas gostaria de propor uma interpretação alternativa (ainda que pareça pretensão de minha parte): O ouro aponta para Sua chegada, o valor de Sua encarnação, o início. O incenso aponta para Sua obra, e a extensão de Sua existência terrena, o meio. Assim como o incenso se consome à medida que vai queimando, Sua vida terrena seria gasta inteiramente na dedicação da obra que veio fazer. Já a mirra aponta para Sua morte, a consumação de Sua obra, o fim. Início, meio e fim. Criação, redenção e consumação.

Depois do episódio de Seu nascimento, deparamo-nos com a mirra novamente no episódio em que Ele é surpreendido por uma mulher que, sem pedir licença, quebra todos os protocolos, invade o recinto em que estava, e derrama-Lhe sobre a cabeça um precioso bálsamo. Percebendo que os discípulos a censuravam, e que Judas argumentava que aquele perfume poderia ter sido vendido e seu valor revertido para os pobres, Jesus sai em sua defesa e diz: “Deixai-a, por que a aborreceis? Ela praticou boa obra para comigo. Sempre tendes os pobres convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem, mas a mim nem sempre me tendes. Ela fez o que pôde. Antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo que em todo o mundo onde este evangelho for pregado, o que ela fez também será contado para sua memória”(Mc.14:6-9).

Esta mulher era ninguém menos que Maria, irmã de Lázaro, a quem Jesus ressuscitara poucos dias antes (Jo.12). No Evangelho de acordo com João, Jesus afirma: “Ela guardou este perfume para o dia do meu enterro”(Jo.12:7).

Pense comigo: aquele perfume custava 300 denários. Praticamente um ano de trabalho. Era economia de uma vida inteira. Considerado um bem da família, destinado a ser usado no embalsamento de seus membros. Era de se esperar que ela o tivesse usado em Lázaro, pelo menos a terça parte do perfume, já que sua família era composta de três pessoas. Se o tivesse feito, não haveria razão para que Lázaro cheirasse mal no quarto dia após seu sepultamento.

Em vez disso, ela o guardou para Jesus.

De acordo com o testemunho do próprio Jesus, ela se antecipou a prepará-lO para o sepultamento. O que significa isso?


Ao expirar na cruz, já era três horas da sexta-feira. O sábado judeu começa às seis horas da tarde. Portanto, faltavam apenas três horas. Pelos romanos, Jesus ficaria pendurado no madeiro sendo devorado pelas aves de rapina, como geralmente acontecia com os demais crucificados. Porém, havia um membro do sinédrio chamado José de Arimatéia que era Seu discípulo secreto. Foi por intercessão dele que Pilatos liberou Seu corpo para ser sepultado (Mt.27:57-60). A correria foi enorme. Um judeu não poderia fazer absolutamente nada no sábado, nem mesmo sepultar seus mortos, quanto mais embalsamá-los. Aproveitaram que havia uma sepultura nova que alguém esqueceu aberta próxima do lugar da crucificação. Só deu tempo de enrolar o corpo do Senhor em lençóis, fechar a sepultura com uma grande pedra e esperar até que o sábado passasse para que pudessem retornar com calma para os procedimentos normais, incluindo o embalsamento.

O texto diz que as duas Marias, entre elas a Madalena, seguiram José de Arimatéia e viram onde puseram o Seu corpo. A pressa delas em embalsamar Jesus era tão grande, que mesmo antes de começar o sábado, elas “prepararam especiarias e unguentos”, e ficaram esperando as primeiras horas do dia seguinte para prosseguir em sua empreitada (Lc.23:56). Elas devem ter pensado: Vamos ser mais rápidas do que José de Arimatéia. Quando ele chegar no domingo para embalsamá-lO, terá uma surpresa.

Outro personagem que entra nesta corrida é citado por João. Trata-se de Nicodemos, outro discípulo secreto de Jesus.  Segundo o relato de João, Nicodemos providenciou“quase cem libras de uma mistura de mirra e aloés” para embalsamar Jesus. Mas devido à aproximação do sábado, só deu tempo de perfumar os lençóis que envolveram o Seu corpo.

Ao chegar bem cedo no sepulcro onde estaria Jesus, quem teve uma surpresa foi Maria Madalena. Algo inusitado ocorrera. A pedra estava removida. O sepulcro estava vazio. Não! Ninguém levou Seu corpo, como Maria inicialmente achou que acontecera. Jesus ressuscitou dos mortos, como muitas vezes avisou aos Seus discípulos que ocorreria. Maria teve que voltar pra casa com aquele perfume. Porém, Jesus não ficou sem receber o devido tratamento. Ela pode ter chegado antes dos discípulos secretos, e mesmo antes dos demais discípulos, mas alguém se ANTECIPOU. Outra Maria fez o serviço.

Talvez Madalena não tenha se dado conta disso. Possivelmente não tenha presenciado o ocorrido na casa de Lázaro cerca de quatro dias antes.

Maria, irmã de Lázaro agiu antes mesmo da morte. Ela se antecipou à cruz. Teve um vislumbre do futuro. Tomou pra si a responsabilidade.

Maria Madalena, sinto em lhe informar, mas mesmo tendo madrugado em frente ao sepulcro, você chegou atrasada.

Imagine comigo: quando Jesus entrou em Jerusalém montado no jumento, Ele já estava devidamente perfumado para ser sepultado. Quando expulsou os cambistas, ele exalava aquele perfume forte. Pilatos, enquanto O julgava, devia ter pensado: que fragrância maravilhosa é esta? E enquanto era crucificado, aquele perfume se espalhava pelo ar…

* "Apenas para uso externo..."

De repente, no auge de Seu suplício, alguém se compadece de Sua dor e para atenuá-la, oferece-Lhe “vinho com mirra” (Mc.15:23). Esta mistura promovia um efeito semelhante a de um anestésico. Mas Jesus Se recusa a tomá-la. A mirra era bem-vinda como perfume, mas não como entorpecente. Um “homem de dores, e experimentado no sofrimento” (Is.53:3b) não podia deixar-Se entorpecer.

Infelizmente, a oferta recusada por Jesus tem sido aceita por Sua igreja em nossos dias. Perdemos o contato com a realidade. Buscamos desesperadamente o alívio de nossa dor.

O que deveria servir como perfume através do qual exalássemos a fragrância de Seu amor, tem sido usado como entorpecente, pra não dizer, alucinógeno.

A mirra pode representar nossa espiritualidade, com todos os dons que o Senhor nos outorgou pelo Seu Espírito. Se esta espiritualidade nos fizer pessoas voltadas para dentro de si mesmas, então ela nos entorpecerá. Uma igreja entorpecida perdeu o contato com a realidade à sua volta, e por isso, já não é capaz de afetá-la e transformá-la. Tornamo-nos apáticos, incapazes de nos solidarizar com a dor do mundo. Já não nos importamos com nada que aconteça à nossa volta. Simplesmente nos desligamos. Isso não é espiritualidade genuína, mas mera religiosidade, aquilo que Karl Marx chamou de “ópio do povo”. A verdadeira espiritualidade nos convida à compaixão e a nos engajarmos na transformação da realidade, para que o sofrimento humano seja atenuado.

Mesmo na Cruz, Jesus demonstrou preocupar-Se com os que estavam à Sua volta. Desde Sua mãe, passando pelos Seus algozes, até os ladrões crucificados ao Seu lado, todos foram alvo de Sua compaixão e solidariedade. Desta forma, Ele exalou o bom perfume de Seu amor em um cenário de dor e crueldade.
Se Ele Se deixasse tomar por um sentimento de auto-compaixão, certamente teria aceitado a oferta daquela esponja, e sorvido por inteiro a mirra que Lhe aliviaria a dor. Mas Ele recusou.

Agora somos convocados a levar “sempre por toda a parte o morrer do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos; e assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal” (2 Co.4:10-11). E é assim que Deus “por meio de nós manifesta em todo lugar o cheiro do seu conhecimento. Pois para Deus somos o bom perfume de Cristo” (2 Co.2:14b-15a).

Nossa missão é espalhar Seu aroma pelo mundo.

Cantares retrata a esposa do rei, representação da igreja de Cristo, como aquele cujas mãos “gotejavam mirra”, e os dedos “mirra com doce aroma” (Ct.5:5). Ela é aquela que “sobe do deserto, como colunas de fumaça, perfumada de mirra” (Ct.3:6). 

Como Esposa de Cristo, temos que deixar um rastro de mirra por onde passarmos. Os ambientes que frequentamos devem ficar empregnadom da fragrância de Cristo. E isso se dá quando deixamos de viver para nós mesmos, para viver para Cristo e por aqueles por quem Ele Se entregou na Cruz. 

O Mundo pode até estar cego, como o personagem vivido por Al Pacino, mas certamente será capaz de perceber no ar o aroma de Cristo exalado por nós.

4 de abril de 2012

Lavouras

1Co 3.9  Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.
lavoura feminino
             amanho e cultivo da terra
             preparação da terra para a sementeira;  lavra


Lavoura


Tem um dono - 1Co 6.19, Ef 2.101Pe 2:9, Ex 19.5, Dt 4.7 
Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?


 Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.


Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;


 agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu concerto, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha.


Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o SENHOR nosso Deus, todas as vezes que o invocamos?

Precisa de um campo – 1Co 6.20
Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.

Precisa de uma semente – Lc 8.11
Esta é, pois, a parábola: a semente é a palavra de Deus;
A semente é boa, porém precisa de uma boa terra

Precisa de agricultores – 1Co 3.6,9a; Tg 5.7

6 Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.
9  Porque nós somos cooperadores de Deus;

7  Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.

De um lado há a nossa responsabilidade — precisamos trabalhar; do outro, há a nossa dependência — só Deus pode dar o crescimento.
Mc 4:26-29 - 26  E dizia: O Reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra,
27  e dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. (Deus dá o crescimento)
28  Porque a terra por si mesma frutifica; primeiro, a erva, depois, a espiga, e, por último, o grão cheio na espiga.
29  E, quando já o fruto se mostra, mete-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa.


Precisa de adubo – Rm 10.17, Pv 1.5-8, Hb 5.11
17  De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.

5  para o sábio ouvir e crescer em sabedoria, e o instruído adquirir sábios conselhos;
6  para entender provérbios e sua interpretação, como também as palavras dos sábios e suas adivinhações.
7 ¶ O temor do SENHOR é o princípio da ciência; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.
8  Filho meu, ouve a instrução de teu pai e não deixes a doutrina de tua mãe.

11  Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação, porquanto vos fizestes negligentes para ouvir.
12  Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento.
13  Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino.
14  Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.

Precisa de água
176 versículos do Salmo 119 
"Escondi a tua palavra no meu coração" "Mais me regozijo com o caminho dos teus testemunhos do que com todas as riquezas... Meditarei nos teus preceitos... Terei prazer nos teus decretos... não me esquecerei da tua palavra... Escolhi o caminho da verdade... Correrei pelo caminho dos teus mandamentos... Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei e observá-la-ei de todo o coração... Também falarei dos teus testemunhos... Os teus estatutos têm sido os meus cânticos... Apressei-me e não me detive a observar os teus mandamentos...
"Para mim vale mais a lei que procede de tua boca do que milhares de ouro ou de prata... a tua lei é a minha delícia... Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu... A tua fidelidade estende-se de geração a geração... Não fosse a tua lei ter sido o meu prazer, há muito já teria eu perecido na minha angústia... Nunca me esquecerei dos teus preceitos... Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia!
"Oh! Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha boca... Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz para o meu caminho... Os teus testemunhos tenho eu tomado por herança para sempre, pois são o gozo do meu coração... Inclinei o meu coração a guardar os teus estatutos, para sempre, até ao fim... Aborreço a duplicidade, mas amo a tua lei...
"Amo os teus mandamentos mais do que o ouro, mais do que o ouro refinado... Por isso, tenho por, em tudo, retos os teus preceitos todos e aborreço todo caminho de falsidade... Admiráveis são os teus testemunhos; por isso, a minha alma os observa... Puríssima é a tua palavra; por isso, o teu servo a estima... A minha alma tem observado os teus testemunhos; eu os amo ardentemente... O que o meu coração teme é a tua palavra... Alegro-me nas tuas promessas, como quem acha grandes despojos."
 o salmista regava a terra com a Palavra.

Precisa de proteção
Salmos 127.1 se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.
1 Samuel 2:9  Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força.  
Salmos 97:10  Vós que amais ao SENHOR, aborrecei o mal; ele guarda a alma dos seus santos, ele os livra das mãos dos ímpios.
Salmos 121:3  Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não tosquenejará.
Salmos 145:20  O SENHOR guarda a todos os que o amam; mas todos os ímpios serão destruídos.
Apocalipse 3:10  Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.

Precisa de crescimento – 1Co 3.6, Mc 4.30-32
"...mas o crescimento veio de Deus" (1 Co 3.6). Deus fez suas promessas para este único propósito. Ele sempre faz a semente crescer quando é colocada em boa terra e depois é regada.

30  E dizia: A que assemelharemos o Reino de Deus? Ou com que parábola o representaremos?
31  É como um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a menor de todas as sementes que há na terra;
32  mas, tendo sido semeado, cresce, e faz-se a maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar-se debaixo da sua sombra.

Precisa de frutos – Rm 6.22, Rm 15.25-28, Hb 13.15
uma pequena sementinha há uma árvore em potencial, um milhão de vezes maior que a semente.
Um grão de trigo pode, com tempo, multiplicar-se até cobrir um continente e alimentar nações

22  Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.

25  Mas, agora, vou a Jerusalém para ministrar aos santos.
26  Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém.
27  Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais.
28  Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha.

15  Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.

Sl 119. 99  Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos.
100                                      Sou mais prudente do que os velhos, porque guardo os teus preceitos.

1Co 15.58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.



19 de março de 2012

Tipos de sermões que atrapalham o culto

Apenas para ilustrar, vamos fazer uma rápida classificação dos sermões que mais atrapalham o culto. Se você freqüenta igreja há vários anos, é provável que já se tenha encontrado com alguns desses sermões mais de uma vez. A seguir, descrevem-se os tipos de sermão que atrapalham o culto.

1) O SERMÃO SEDATIVO – É aquele que parece anestesia geral. Mal o pregador começou a falar e a congregação já está quase roncando. Caracteriza-se pelo tom de voz monótono, arrastado, e pelo linguajar pesado, típico do começo do século, com expressões arcaicas e carregadas de chavões deste tipo: "Prezados irmãos, estamos chegando aos derradeiros meandros desta senda", Porque não dizer: "Irmãos, estamos chegando às últimas curvas do caminho"? Seria tão mais fácil de entender. Ficar acordado num sermão desse tipo é quase uma prova de resistência física. Como dizia Spurgeon: "Há colegas de ministério que pregam de modo intolerável: ou nos provocam raiva ou nos dão sono. Nenhum anestésico pode igualar-se a alguns discursos nas propriedades soníferas. Nenhum ser humano que não seja dotado de infinita paciência poderia suportar ouvi-los, e bem faz a natureza em libertá-lo por meio do sono".

2) O SERMÃO INSÍPIDO – Esse sermão pode até ter uma linguagem mais moderna e um tom de voz melhor, mas não tem gosto e é duro de engolir. As idéias são pálidas, sem nenhum brilho que as torne interessantes. Muitas vezes é um sermão sobre temas profundos, porém sem o sabor de uma aplicação contemporânea, ou sem o bom gosto de uma ilustração. É como se fosse comida sem sal. É como pregar sobre as profecias de Apocalipse, por exemplo, sem mostrar a importância disso para a vida prática. O pregador não tem o direito de apresentar uma mensagem insípida, porque a Bíblia não é insípida. O pregador tem o dever de explorar as belezas da Bíblia, selecioná-las, pois são tantas, e esbanjá-las perante a congregação.

3) O SERMÃO ÓBVIO – É aquele sermão que diz apenas o que todo mundo já sabe e está cansado de ouvir. O ouvinte é quase capaz de "adivinhar" o final de cada frase de tanto que já ouviu. É como ficar dizendo que roubar é pecado ou que quem se perder não vai se salvar (é óbvio). Isso é uma verdade, mas tudo o que se fala no púlpito é verdade. Com raras exceções, ninguém diz inverdades no púlpito. O que falta é apenas revestir essa verdade de um interesse presente e imediato.

4) O SERMÃO INDISCRETO – É aquele que fala de coisas apropriadas para qualquer ambiente menos para uma igreja, onde as pessoas estão famintas do pão da vida. Às vezes, o assunto é impróprio até para outros ambientes. Certa ocasião ouvi um pregador descrever o pecado de Davi com Bate-Seba com tantos detalhes que quase criou um clima erótico na congregação. Noutra ocasião, uma senhora que costumava visitar a igreja confessou-me que perdeu o interesse porque ouviu um sermão em que noventa por cento do assunto girava em torno dos casos de prostituição da Bíblia, descritos com detalhes. E acrescentou: "Achei repugnante. Se eu quiser ouvir sobre prostituição, ligo a TV". De outra vez, um amigo me contou de um sermão que o fez sair traumatizado da igreja, pois o pregador gastou metade do tempo relatando as cenas horrorosas de um caso de estupro. Por favor, pregadores: o púlpito não é para isso. Para esse tipo de matéria existem os noticiários policiais.

5) O SERMÃO REPORTAGEM – É aquele que fala de tudo, menos da Bíblia. Inspira-se nas notícias de jornais, manchetes de revistas e reportagens da televisão. Parece uma compilação das notícias de maior impacto da semana. É um sermão totalmente desprovido do poder do Espírito Santo e da beleza de Jesus Cristo. É uma tentativa de aproveitar o interesse despertado pela mídia para substituir a falta de estudo da Palavra de Deus. Notícias podem ser usadas esporadicamente para rápidas ilustrações, nunca como base de um sermão.

6) O SERMÃO DE MARKETING – É aquele usado para promover e divulgar os projetos da igreja ou as atividades dos diversos departamentos. Usar o púlpito, por exemplo, para promover congressos, divulgar literatura, prestar relatórios financeiros ou estatísticos, ou fazer campanhas para angariar fundos, seja qual for a finalidade, destrói o verdadeiro espírito da adoração e, portanto, atrapalha o culto. A Igreja precisa de marketing, e deve haver um espaço para isso, mas nunca no púlpito. Isso deve ser feito preferivelmente em reuniões administrativas.

7) O SERMÃO METRALHADORA – É usado para disparar, machucar e ferir. Às vezes a crítica é contra um grupo com idéias opostas, contra administradores da igreja, contra uma pessoa pecadora ou rival ou mesmo contra toda a congregação. Seja qual for o destino, o púlpito não é uma arma para disparar contra ninguém. Às vezes o pregador não tem a coragem cristã de ir pessoalmente falar com um membro faltoso e se protege atrás de um microfone, onde ninguém vai refutá-lo, e dispara contra uma única pessoa, sob o pretexto de "chamar o pecado pelo nome". Resultado: a pessoa fica ferida, todas as outras, famintas, e o sermão não ajuda em nada.

Às vezes o disparo é contra um grupo de adultos ou de jovens supostamente em pecado. Não é essa a maneira de ajudá-los. Convém ressaltar que chamar o pecado pelo nome não é chamar o pecador pelo nome. Chamar o pecado pelo nome significa orar com o pecador e se preciso chorar com ele na luta pela vitória. A congregação passa a semana machucando-se nas batalhas de um mundo pecaminoso e de uma vida difícil e chega ao culto precisando de remédio para as feridas espirituais, não de condenação por estar ferida. Em vez de chumbá-la com uma lista de reprovações e obrigações, o pregador tem o dever santo de oferecer o bálsamo de Gileade, o perdão de Cristo como esperança de restauração. As obrigações, todo mundo conhece. Nenhum cristão desconhece os deveres do evangelho. Em vez de apenas dizer que o cristão tem de ser honesto, por exemplo, mostre-lhe como ser honesto pelo poder de Cristo. Isso é pregação com poder.

Todos esses sermões mencionados acima atrapalham o culto mais do que ajudam. Prejudicam o adorador, prejudicam a adoração. São vazios de poder. Se você quer ser um pregador de poder, busque a Deus, gaste dezenas de horas no estudo da Bíblia antes de pregá-la, experimente o perdão de Cristo e estude os recursos da comunicação que ajudam a chegar ao coração das pessoas.


Fonte: Robson Moura Marinho no livro A Arte de Pregar – A Comunicação na Homilética
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21 de fevereiro de 2012

O ÚLTIMO PECADO DE DAVI – PARTE 1

Quero compartilhar com os leitores uma análise do texto de 1Cr 21, onde, guiado pelo Espírito Santo, já a alguns anos, observei vários detalhes que me trouxeram um esclarecimento muito atual sobre o momento que a Igreja de Cristo atravessa, sobretudo em nosso Brasil.
Os pontos de aparente contradição não são o alvo destas observações, para tanto, deixarei alguns comentários já estudados e pesquisados e um link muito interessante e esclarecedor sobre um desses pontos.

COMENTÁRIO BÍBLICO MOODY

1Cr 21.1 Então Satanás . . . incitou a Davi.
Por causa da antipatia de Satanás contra Israel e, em última análise, contra o Deus de Israel (cons. Jó 1:11; 2:5). O registro paralelo (II Sm. 24:1) penetra mais profundamente na questão e mostra quê Satanás não passou de um instrumento de Deus, sendo usado -para executar o castigo que Israel merecia por causa dos seus pecados, possivelmente suas revoltas contra Davi, o ungido de Deus, que terminaram só com a morte de Seba antes de 975 A.C. (cons. Jó 1:12; 2:6; I Reis 22:22, 23).

V 3. Culpa sobre Israel.
Não que houvesse algo inerentemente errado no recenseamento (cons. Nm. 1:1, 2; 26:1, 2); mas neste caso Davi parecia estar procurando segurança na força dos seus exércitos (v.5) mais do que na fé nas promessas de Deus (compare com 27:23 e Sl.30:6; veja I Cr. 22:1)

A CONTRADIÇÃO NUMÉRICA DO RECENSEAMENTO
Leia em: http://www.nasaladopastor.com/2010/12/contradicao-biblia-entre-1-cronicas-215.html

Davi contava neste momento com um contingente de cerca de 1.100.000 soldados, quase cinco vezes o contingente das forças armadas brasileiras, que é de cerca de 288.500. Um exército que qualquer líder mundial atual gostaria de contar em suas trincheiras. Imagine então Davi que começou com 400 rejeitados da sociedade. Um feito digno de nota.

Davi estava cheio de si, havia conquistado praticamente toda a terra que outrora Deus havia mostrado a Moisés, havia vencido seus maiores inimigos, os filisteus, e ainda os amonitas, moabitas, siros entre outros; vitórias após vitória deixaram Davi em uma posição confortável e de grande riqueza, pois o texto bíblico nos indica a abundância de vários metais, ouro, prata, cobre, ferro, etc, constante de seu tesouro.

Davi, no entanto, comete um erro e a primeira lição que aprendemos é que nossas vitórias não são fruto apenas de nossos esforços e/ou inteligência, elas procedem de Deus primeiramente, e ainda, há tempo de guerrear, mas há tempo de agradecer pelas batalhas que foram vencidas, Davi escolheu a exaltação própria à adoração ao Senhor que lhe concedera as vitórias.

Davi perde a sensibilidade, tamanha sua vaidade, que não houve mais ninguém, seu general Joabe tenta alertá-lo para o perigo de sua atitude, mas este ignora a advertência. Há homens cuja soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. Pv 16:18.

Hoje estamos vivendo um grande crescimento do segmento evangélico em nosso país, porém notamos que também os escândalos tem se multiplicado, mega igrejas ostentando suntuosos templos, pastores cercado de mimos, segurança, status, se afastando cada vez mais dos propósitos de Deus se enchendo de títulos e honrarias que deveriam ser direcionadas ao Rei dos Reis, transformando a Glória de Deus em vanglórias humanas.

A história de Davi nesse texto se reflete hoje diante de nossos olhos, e a sangria já começou no meio do povo de Deus, quantas vidas afastadas do Senhor por conta desses desatinos, dessa soberba que tem tomado o coração dos chamados “homens de Deus”, quantas famílias destruídas pelo descaso dos que não mais se posicionam na brecha da intercessão, quantos mortos espirituais feridos pelas mãos dos líderes insensíveis, o que falta então?

Davi teve um conselheiro fiel, Joabe. Mas e hoje, haveria conselheiros fiéis a ponto de terem a coragem de alertarem seus lideres independente das consequências? E haveria líderes sensíveis para ouvi-los?

Glorifico a Deus pela reação do rei ANTES de ouvir o homem de Deus que lhe seria enviado para decretar-lhe o juízo divino, Davi se arrepende de seu mal (2Sm 24.10). Meu coração doí quando vejo nestes dias o quanto os líderes espirituais estão cegos e surdos ante o pecado que comentem, resultando em uma igreja cheia de complacência com as mais variadas formas de pecado existentes, escândalos financeiros aos montes, sexuais, morais, sociais. Homens que se consideram ungidos de Deus, mas que tem agido conforme Paulo escreve na segunda carta a Timóteo 3.1-5, que tempos difíceis estamos vivendo! 

Minha esperança e alegria é que ainda hoje existem homens como Davi, porém, infelizmente também, existe outros que não se arrependem, oremos pois, para que o Senhor levante homens e mulheres guiados pelo seu Espírito para salvar o que resta da igreja brasileira.

Na segunda parte deste texto abordarei sobre Gade, o vidente, e a sentença sobre Davi e o povo.